Uma FESTA inacabada
Santa Luzia, dezenove
de Setembro de dois mil e treze, precisamente às cinco e pouco da manhã e como tantas manhãs de início de primavera,
fazia um friozinho bom. As luzes do Centro Cultural Calasanz estavam acesas,
queimando eletricidade a todo vapor, varando o dia, porém mais acesa estava a
esperança de um grupo de pouco mais de quarenta entusiastas, prontos a desfilar
sua alegria pelas ruas de Oliveira, prontos a encantar com o circo a quem
pudesse interessar, prontos a desafiar as leis do corpo humano com os
malabares, piruetas, mortais, dentre outros. Um parágrafo para a noite
anterior.
Chegara na noite
anterior o caminhão que transportaria as “tralhas” -apelido carinhosamente dado
aos materiais circenses- que já davam pistas do que iria ser quando chegasse ao destino: Nossa Senhora
de Oliveira. Do início ao fim funcionou a pedagogia do efeito formiguinha. É
fantástico ver como adultos e adolescentes se engajam numa mesma causa, mesmo
que seja para carregar um simples caminhão. Cada um leva alguma coisa,
misturado com a expectativa de mais uma vez fazer o expectador vibrar. Em menos
de meia hora o caminhão estava lotado, a ponto de deixar ‘ver’ tamanha
expectativa embarcada. Circo, cores, fantasias, escada, cordas, lona, colchões,
lira, tecido... tudo estava a espera da tão sonhada hora: o espetáculo.
De volta ao dia
depois do caminhão, de madrugada, mais uma vez se fez transparecer a pedagogia
da formiguinha e dos sonhos, expectativas, etc. Foi pedido anteriormente,
expressamente, literalmente, que os viajantes levassem apenas aquilo que
realmente fossem usar, evitar o supérfluo, desnecessário, que somente iria
fazer peso às malas. E foi esquecido de avisar sobre levar ou não muita
expectativa. Tinha mala para tudo quanto fosse canto, umas mais cheias, outras
menos, alguns levaram duas, mas o contagiante foi que todos levaram algo mais
que as roupas dentro das malas: muita EXPECTATIVA, além do supérfluo.
Aos ‘marinheiros de
primeira viagem’ coube observar, ficar mudo de vez em quando, entrar na mesma
onda, ficar mais retraído, mas de nenhuma forma, ninguém levou pouca
expectativa. Também o feito era nobre e a causa, bem, a causa é um capítulo à
parte: não é todo dia que se comemoram 80 anos de presença Escolápia no Brasil,
não é todo dia que se comemoram 80 anos de trabalho dedicados à educação, à fé.
Não é todo dia que se revive o gostinho do nascimento de uma CAUSA maior, que é
a entrega da vida -sim, essa que tanto prezamos- em favor dos menos
favorecidos. Seguramente São José de Calasanz e Santa Paula Montal louvaram à
Deus por suas obras estarem tão bem representadas por pessoas tão dedicadas e
apaixonadas pelo que fazem.
Ter o privilégio de
comemorar a chegada dessas guerreiras mulheres oriundas da Europa, que aos
poucos se misturaram à cidade de Oliveira, que foram incorporando a história da
cidade à de suas vidas e no fundo, de suas expectativas, não é para qualquer
um. Há de se merecer estar num lugar como esse, há de se emocionar estar
abrigado juntamente com as Escolápias à história delas, à vida delas, à vocação
delas, à pedagogia delas, em fim, à causa delas, que no fundo não é só delas, é
de todos os que se fazem presente com elas. Talvez no fundo seja esse o
mistério do carisma escolápio: fazer da causa de suas vidas uma obra de serviço
e entrega aos demais.
Pois bem, ao passo
que Oliveira ficava mais perto, mais acelerados ficavam os corações dentro do
ônibus, que desconheceu o silêncio de ponta a ponta. Algazarra? Não, apenas um
acalantado momento de instabilidade silenciosa. Nada mais que isso. Foram
músicas, cantadas por vezes com insuficiência literária, poética, com perdão do
trocadilho.
A chegada foi
tranquila, fomos muitíssimo bem recepcionados pelas Irmãs Escolápias locais,
que nos acolheram sem medir esforços, sem se importarem com a mudança radical
de sua rotina do dia a dia. E olha que o que se viu foi gente pra tudo quanto
era lado. Aquele silêncio daquela grandiosa casa foi quebrado impiedosamente.
Por outro lado, era o carisma calasâncio que pedia passagem para entrar, se
hospedar ali uns dias e revigorar; recarregar as baterias das Irmãs com o
ímpeto da peraltice. Provavelmente Ir Mônica, Ir Diva, Ir Imaculada, Ir Ana e
Ir Antonia perceberam e reviveram os bons tempos dos tempos de colégio naquela
casa onde muito se aprendeu Letras e Piedade. Mas aquele velho prédio, que
seguramente guarda em suas paredes e memórias fatos e feitos grandiosos, viu,
mais uma vez, pegadas do Santo padre e de sua fiel Seguidora caminhando pelos
corredores e escadas uma vez mais.
E como foi bom ter
aquela casa cheia de vida, de vigor, de alegria, entusiasmo, e de novo -expectativa-. A recepção não podia ter sido
melhor. De cara não foi preciso se preocupar com nada, visto que as Irmãs muito
solícitas estavam de prontidão para qualquer necessidade coletiva. Tudo muito
bem organizado, preparado com esmero.
Diante de tudo isso,
cumpre desvendar o motivo do inacabado, na epígrafe deste registro.
Simplesmente porque não foi o primeiro e nem será o último momento celebrativo
da chegada dessas aventureiras e bem aventuradas mulheres que se dispuseram e
dispõem a cada dia de suas vidas e de seu labor em prol dos pequenos, sem o pão
da educação e do amor a Deus. Se Piedade e Letras dão tão bons frutos hoje, num
mundo desigual, que o diria Calasanz em 1600. E hoje as letras e a piedade
ainda continuam fazendo a diferença na vida desses pequenos, que como bem dizia
o Mestre, se forem educadas desde a mais terna infância, grandes são as chances
de serem alguém na vida. Ao que parece, as Escolápias estão seguindo essa
cartilha, ensinando a fé e as letras, juntamente com o esporte e a cultura em
geral, especialmente a arte circense, que foi o capítulo à parte dessa
grandiosa comemoração.
Pouco? Não. Hoje tem
espetáculo? Tem sim senhor! Tem o espetáculo da vida que insiste em desabrochar!
Tem o espetáculo da entrega a um carisma transformador, talhado por Calasanz e
Santa Paula, que dá frutos continuamente! Tem espetáculo? Tem sim senhor! Tem a
vida dessa gente que nos mostra a cada dia que as adversidades estão aí para
serem superadas, que a pobreza espiritual é só uma questão de dedicação, que a
falta de educação de qualidade é só uma questão de um espaço com uma mesa e uma
cadeira e um bocado de boa vontade. Tem espetáculo? Tem sim senhor! Tem o milagre
da transformação da água em vinho, dos braços e pernas enrugados, sem
coordenação em engrenagens de um momento de comunicação da arte circense que se
fez presente em nosso meio com o singelo homônimo de “Espetáculo Soul Circo”.
Tem espetáculo? Tem sim senhor! Tem a vida que teima em brotar, desabrochar,
desenvolver. E no fundo de tudo isso, tem um grito silencioso que teima,
graciosamente em se fazer ouvir: é Calasanz e Paula Montal nos pedindo para não
parar, para aguentarmos firmes, como eles, as adversidades e pressões do
quotidiano. Parece que eles também estão vibrando a cada passo, a cada salto, a
cada mortal, a cada malabares, a cada tango, a cada lira, a cada pirueta, a
cada suspiro.... vale a pena ser ESCOLÁPIO! Não iremos parar nunca! Está tudo
inacabado! Estamos só começando! 80 não são nada! É só o engatinhar!
Ir. Sandra Lúcia Ferreira, Sch. P.
Ir. Sueli Maria de Fátima Resende, Sch. P.
Claudinei (colaborador escolápio)
Nossa! Ficou muito lindo a abertura dos 80 anos das Irmãs Escolápias no Brasil em Oliveira. Parabenizo as Irmãs pela grande festa. E o Circo! Que lindo deve ter ficado as apresentações. Um grande abraço as Irmãs da Comunidade São José de Calasanz e os colaboradores e as Irmãs de Oliveira e a toda equipe da Feol.
ResponderExcluirUm grande abraço a todos!!!!
Ir. Valdete, Escolápia do Norte do Brasil- Tocantinópolis -TO.
Parabêns as irmãs escolapias,exemlpos de humildade e dedicação com o proximo
ResponderExcluirDeus abençoe vocês cada dia mais,dando força e sabedoria em suas caminhadas!!
Nilda s.Ferreira(irmã Nilma) Gov.Valadares-mg.
Irmãs Sueli, Sandra, Mônica, Diva, Imaculada, adolescentes, jovens e toda equipe do Centro Cultural Calasanz, parabéns! Lindíssima abertura dos 80 anos de presença Escolápia no Brasil. Um grande abraço e que o Espírito Santo que recria continue inspirando a todos vocês.
ResponderExcluirIr. Valéria, Sch.P