Era uma manhã de quarta-feira amena
meteorologicamente falando, quando uma vez mais foram abertas as portas do
Centro Cultural para mais um dia de atividades rotineiras. De início nada
parecia soar estranho ou diferenciado, mas algo grandioso estava por vir.
Indagações e inquietações pairavam sobre as cabecinhas dos curiosos de plantão
diante de uma inexplicável tenda, caprichosamente montada e decorada por
variadas mãos com uma singela frase dizendo: “VINDE REZAR COM...”.
Todos queriam saber o que era, o que iria ser
feito, como seria, coisas típicas de crianças e adolescentes. E não era por
menos, já que a referida tenda destoava de todo o conjunto do Centro Cultural.
Era como um órgão a mais em um corpo já acostumado com a rotina. Algo diferente
seria, mas a decoração já dava pistas de que algo gracioso iria “rolar” ali.
A tenda estava decorada com vermelho e
branco, mas um vermelho que parecia vivo e querer realmente convidar a algo
mais. Era um vermelho que simbolizava a cor do amor, da entrega, da vida em
prol de tantos outros. Um branco de singeleza, com desenhos que lembravam uma
festa, caprichosamente incrustados e sem dúvida consolidados nos corações que
ali se fizeram presentes.
Sim, Madre Paula vive. Dentro de nossos
corações e de nossas almas fazendo com que sejamos a cada dia, partícipes de
sua obra. Somos todos vocacionados e apaixonados por seu legado. Ela vive em
nós e nos faz sair de nossas casas a cada dia porque nos faz acreditar que
salvar almas é um ato de coragem e uma profissão de fé. Santa Paula abençoa
nossos corações e de uma forma ou de outra nos faz ver e enxergar o que ela viu
e enxergou há muitos anos passados, mas, devido aos conflitos cruciais da
humanidade, continuamos a ver crianças desamparadas e sem o mínimo básico do
que supõe ser seus direitos.
E foi com essa inquietação que a tenda de
Santa Paula se abriu naquela bela manhã de quarta-feira para receber vidas
dispostas a orar e agradecer uma vez mais, pelo carisma calasancio incrustado
no coração dessa Santa Guerreira que sobrevive ainda nos dias de hoje, e
continuará a existir enquanto houver crianças precisando e corações generosos
dispostos a acolher e servir.
O silêncio imperou durante o momento de
oração, embora sua conquista tenha sido difícil. E quem disse que exigir
silêncio de quase oitenta meninos e meninas seria fácil, em se tratando de uma
total alteração de suas rotinas? Acostumados a pular, gritar, sorrir, cantar e
a todo o tipo de peraltice da idade, vê-los dispostos em roda, sentados e
comportados não foi fácil, mas não impossível. Simplesmente uma quietude de
coração, uma acomodação interior, fazendo com que pairasse um silêncio
espiritual, convidativo, confortante e desafiante. Irmã Sandra comandou o
momento de oração fazendo com que esse silêncio pudesse ser ouvido e sentido
por quase todos, já que unanimidade sim é muito difícil. Por vezes a dureza da
vida e dos corações fazem esse processo ser dificultoso.
Mas pelo que vimos ficou a sensação de que
Santa Paula estava ali junto a todos, seja pelo arrepio sentido, seja pela
emoção vivida. E foi comovente ver olhos cerrados em posição de oração
profunda. Parecia que a presença “paulina” inspirada pela nossa “fonte”, pela
oração fizesse com que essas criaturinhas sentissem um conforto e alívio diante
do sagrado. Ponto para as Escolápias, que com seu dom nos fazem viver momentos
como esses. E como não podia deixar de ser, a presença delas em atitude de
oração, ensinando (mesmo que em silêncio) a orar só podia mesmo fazer com que
fosse contagiante e irradiasse essa energia boa a todos.
Ah, só faltou dizer que tudo isso fazia parte
da comemoração ao dia de Santa Paula, que foi especial, emocionante. Que a
próxima comemoração seja tão boa, ou melhor. Que possamos a cada dia inspirar
mais os corações e inquieta-los. Se a
educação é simplesmente a inquietação da alma, como dizia Lorenzo Milani, para
Calasanz era a forma de servir a Deus nas crianças e jovens. Paula Montal quis
continuar e acreditou! Nenhum deles disse ser fácil, mas...
Santa Paula vive em cada um dos que dela se
acercam. E quem quiser ver, ouvir e sentir é só nos fazer uma visita. Sairá
daqui com a certeza de que nosso trabalho escolápio vale a pena.
Viva a Santa dos nossos dias, aquela que nos
inspira, a Paula que amamos e que a seguimos nos passos de Calasanz! É dia de
Paula Montal, nossa eterna Madre Paula.
Depois teve muita alegria com pipoca e suco
para todos livremente.
Claudinei Rocha (colaborador escolápio)