sábado, 15 de março de 2014

Madre Paula vive!

Era uma manhã de quarta-feira amena meteorologicamente falando, quando uma vez mais foram abertas as portas do Centro Cultural para mais um dia de atividades rotineiras. De início nada parecia soar estranho ou diferenciado, mas algo grandioso estava por vir. Indagações e inquietações pairavam sobre as cabecinhas dos curiosos de plantão diante de uma inexplicável tenda, caprichosamente montada e decorada por variadas mãos com uma singela frase dizendo: “VINDE REZAR COM...”.
Todos queriam saber o que era, o que iria ser feito, como seria, coisas típicas de crianças e adolescentes. E não era por menos, já que a referida tenda destoava de todo o conjunto do Centro Cultural. Era como um órgão a mais em um corpo já acostumado com a rotina. Algo diferente seria, mas a decoração já dava pistas de que algo gracioso iria “rolar” ali.
A tenda estava decorada com vermelho e branco, mas um vermelho que parecia vivo e querer realmente convidar a algo mais. Era um vermelho que simbolizava a cor do amor, da entrega, da vida em prol de tantos outros. Um branco de singeleza, com desenhos que lembravam uma festa, caprichosamente incrustados e sem dúvida consolidados nos corações que ali se fizeram presentes.
Sim, Madre Paula vive. Dentro de nossos corações e de nossas almas fazendo com que sejamos a cada dia, partícipes de sua obra. Somos todos vocacionados e apaixonados por seu legado. Ela vive em nós e nos faz sair de nossas casas a cada dia porque nos faz acreditar que salvar almas é um ato de coragem e uma profissão de fé. Santa Paula abençoa nossos corações e de uma forma ou de outra nos faz ver e enxergar o que ela viu e enxergou há muitos anos passados, mas, devido aos conflitos cruciais da humanidade, continuamos a ver crianças desamparadas e sem o mínimo básico do que supõe ser seus direitos.
E foi com essa inquietação que a tenda de Santa Paula se abriu naquela bela manhã de quarta-feira para receber vidas dispostas a orar e agradecer uma vez mais, pelo carisma calasancio incrustado no coração dessa Santa Guerreira que sobrevive ainda nos dias de hoje, e continuará a existir enquanto houver crianças precisando e corações generosos dispostos a acolher e servir.
O silêncio imperou durante o momento de oração, embora sua conquista tenha sido difícil. E quem disse que exigir silêncio de quase oitenta meninos e meninas seria fácil, em se tratando de uma total alteração de suas rotinas? Acostumados a pular, gritar, sorrir, cantar e a todo o tipo de peraltice da idade, vê-los dispostos em roda, sentados e comportados não foi fácil, mas não impossível. Simplesmente uma quietude de coração, uma acomodação interior, fazendo com que pairasse um silêncio espiritual, convidativo, confortante e desafiante. Irmã Sandra comandou o momento de oração fazendo com que esse silêncio pudesse ser ouvido e sentido por quase todos, já que unanimidade sim é muito difícil. Por vezes a dureza da vida e dos corações fazem esse processo ser dificultoso.
Mas pelo que vimos ficou a sensação de que Santa Paula estava ali junto a todos, seja pelo arrepio sentido, seja pela emoção vivida. E foi comovente ver olhos cerrados em posição de oração profunda. Parecia que a presença “paulina” inspirada pela nossa “fonte”, pela oração fizesse com que essas criaturinhas sentissem um conforto e alívio diante do sagrado. Ponto para as Escolápias, que com seu dom nos fazem viver momentos como esses. E como não podia deixar de ser, a presença delas em atitude de oração, ensinando (mesmo que em silêncio) a orar só podia mesmo fazer com que fosse contagiante e irradiasse essa energia boa a todos.
Ah, só faltou dizer que tudo isso fazia parte da comemoração ao dia de Santa Paula, que foi especial, emocionante. Que a próxima comemoração seja tão boa, ou melhor. Que possamos a cada dia inspirar mais os corações e inquieta-los.  Se a educação é simplesmente a inquietação da alma, como dizia Lorenzo Milani, para Calasanz era a forma de servir a Deus nas crianças e jovens. Paula Montal quis continuar e acreditou! Nenhum deles disse ser fácil, mas...
Santa Paula vive em cada um dos que dela se acercam. E quem quiser ver, ouvir e sentir é só nos fazer uma visita. Sairá daqui com a certeza de que nosso trabalho escolápio vale a pena.
Viva a Santa dos nossos dias, aquela que nos inspira, a Paula que amamos e que a seguimos nos passos de Calasanz! É dia de Paula Montal, nossa eterna Madre Paula.
Depois teve muita alegria com pipoca e suco para todos livremente.

Claudinei Rocha (colaborador escolápio)










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